A gestão da inovação ganha uma certificação especial e as empresas percebem com maior agilidade a hora de se reinventar

Por Dubes Sônego
Para descobrir quais seriam as 50 maiores tendências de 2025 e entender seu impacto para empresas, startups e investidores, a reportagem de Época NEGÓCIOS ouviu especialistas no Brasil e no exterior, consultou dezenas de relatórios de tendências e conferiu as principais discussões em eventos recentes de tecnologia. O resultado pode ser conferido em uma série de reportagens que teve início na segunda-feira (10) e continuará a ser publicada nos próximos dias. Confira a seguir as principais tendências na área de Gestão da Inovação.
Nova certificação
Diante da alta demanda por inovação nas empresas, a Organização Internacional de Normalização (ISO) lançou, em setembro de 2024, uma nova norma. A ISO 56001, como é chamada, reúne uma série de melhores práticas e fornece diretrizes para a implementação de sistemas de gestão da inovação nas organizações de forma eficaz e alinhada à estratégia do negócio.
A Palas, consultoria pioneira na ISO de Inovação no Brasil, foi a primeira empresa brasileira certificada na ISO 56001. Segundo Alexandre Pierro, um dos fundadores da consultoria, a 56001 é bastante diferente da certificação anterior, a ISO 56002. “Aquela era uma norma de diretrizes com boas práticas para empresas que desejam inovar. Aa 56001 tende a ser um pouco mais rigorosa, sendo uma norma de requisitos, com maior reconhecimento de mercado”, afirma.
Os conceitos podem parecer semelhantes, mas, na prática, a profundidade da ISO 56001 é bem maior. “Ela abrange critérios de cultura e engajamento, gestão de incertezas, além de propriedade intelectual com conceitos bem mais estruturados, capazes de conduzir os caminhos a serem seguidos de uma forma mais imperativa, com foco nos resultados. Por isso, decidimos realizar a migração da 56002 para ela, mantendo nossa premissa de pioneirismo no mercado”, ressalta. No Brasil, grandes empresas já adotaram a ISO 56002, como o Grupo Boticário, TMG e Atento. Agora, com a vinda da ISO 56001, a tendência é que haja um movimento de migração e adoção dessa norma.
Estratégias de inovação para médias empresas

A pandemia acendeu um alerta de que as coisas podem mudar de uma hora para a outra e acelerou a transformação digital. Mas muitas médias empresas – com receita anual entre R$ 100 milhões e R$ 1 bilhão – focaram mais em programas pontuais do que na estrutura, o que resultou em voos de galinha. Agora, porém, estão se mexendo e criando estratégias de inovação alinhadas às de negócios. É o que dizem consultores de gestão da inovação como Hilton Menezes, fundador e co-CEO da Kyvo, e Rodrigo Miranda, da G.A.C Brasil.
“Muitos programas morriam, porque não havia planejamento de dois, três, cinco anos”, afirma Miranda. “Discutia-se muito estratégias de produto, de serviços, de vendas e marketing”, diz. Mas não havia uma discussão sobre onde a inovação é construída, debatida e pautada, e quem tem a função de implantá-la. “A tendência, porém, é que as empresas passem a estruturar melhor essa camada em 2025”, diz Menezes, citando como exemplo a catarinense Unifique, de telecom, que recentemente adotou uma estratégia contemplando os três horizontes de inovação da McKinsey (de curto, médio e longo prazo) e criou um fundo de Corporate Venture Capital.

Conselhos entendem poder da reinvenção
O rápido avanço da IA generativa está fazendo com que as empresas entendam a necessidade de se reinventar a todo momento. “Temos visto muitas conversas de conselhos nesse sentido”, afirma Denis Balaguer, diretor de inovação da EY para a América Latina. A própria EY é um exemplo. Segundo Balaguer, há cerca de 12 meses o assunto passou a ser tratado como prioridade pelo conselho, o que levou a consultoria a criar o seu próprio modelo de linguagem, o EY.ai EYQ, para “mudar de patamar”. Além disso, passou a realizar internamente a média de um hackathon por semana, para ensinar funcionários a usarem a ferramenta.
Na visão do consultor, ainda é uma mudança estrutural incipiente, que vai se intensificar em 2025. O impulso, avalia Balaguer, está diretamente ligado à percepção das mudanças que serão geradas pela nova tecnologia. “Essa é uma questão de sobrevivência. Os modelos de negócio vão sofrer transformações profundas”, afirma. Para Hilton Menezes, co-CEO da Kyvo, o movimento significa a entrada do mercado em um novo estágio, com a incorporação de uma mentalidade de “visionário”. É o caminho para se manterem relevantes. Mas, afirma ele, nem todas já terão maturidade para isso.
Reprodução de: Época Negócios