Brasil investiu quase 50 bilhões de dólares em tecnologia no último ano

Por Bruno Lauterjung

A ABES, associação brasileira das empresas de software, divulgou nessa quinta-feira,11, a primeira parte do “Estudo Mercado Brasileiro de Software – Panorama e Tendências 2024”, produzido em conjunto com o IDC. O levantamento teve como objetivo analisar como os segmentos de hardware, software e serviços se comportaram no último ano.

Segundo o estudo, o setor de TI investiu em 2023 cerca de 3,2 trilhões de dólares em todo o mundo. Somente no Brasil o investimento chegou a quase 50 bilhões de dólares, o que resultou no retorno do país ao top-10 maiores investidores do setor, ranking liderado por EUA (1.2 trilhão USD), China (361 bilhões USD) e Japão (147 bilhões USD).

Ao tratar a américa latina, os números brasileiros tornam-se muito mais expressivos, com o país representando mais de 1/3 de todo o investimento da região, seguido por México (33,2 bilhões USD) e Colômbia (10,8 bilhões USD).

O cenário de investimentos brasileiro

Segundo o levantamento, em termos de crescimento o Brasil não obteve bons números, registrando -0,4%, enquanto a média global chegou a 4,1%. Segundo Jorge Sukarie Neto, conselheiro da ABES e CEO da Brasoftware, a taxa de crescimento é avaliada de acordo com o a moeda local, ou seja, devido a baixa do dólar no último ano, o país obteve essa baixa taxa, mesmo que, em dólar, o investimento tenha aumentado de 46 bilhões para 50 bilhões.

Com relação a 2024, a expectativa é que o Brasil registre um crescimento de 6%, assim, se aproximando da média global, que deve registrar cerca de 7,4%.

O estudo também propõe uma analise por cada segmento, que segundo Sukarie, mostra um importante avanço do Brasil, que embora tenha reduzido os investimentos em Hardware (11,3%), ampliou dois dígitos em Serviços (10,6%) e Software (13,4%).

O executivo exaltou a importância do grau de maturidade de cada país, “Quanto mais você investe em inteligência, ou seja em software e serviços, maior é o grau de maturidade dos investimentos e tecnologia da informação que aquele país está fazendo.”, disse Jorge. “Quanto mais se investe em Hardware, mais você tá investindo ainda em infraestrutura, você não está investindo ainda em inteligência, tá investindo em capacitação e mobilização, mas não ainda em inteligência.”, explicou.

Com isso, ele enfatiza a importância do crescimento dos investimentos em Serviços e Software no país, o que o deixa muito próximo da atingir a média global, “A média global é de investir 43% em hardware, 26% de serviço e 31% em software, se olhar para o Brasil, o país já está hoje investindo 48% em hardware, 22% em serviço e 30% em software.”, finalizou o conselheiro.

Confira outras tendências apresentadas em primeira mão pela ABES durante o anúncio

  • Redes móveis privativas: Novas implantações de redes móveis privativas em 2024 deverão superar US$ 220M somente nas linhas de infraestrutura Wireless, serviços profissionais e serviços gerenciados. A falta de um ecossistema que ofereça soluções fim a fim é uma crítica comum dos clientes finais. Tornar concreta essa oferta será um fator chave para massificação dessas redes.
  • Internet das Coisas (IoT): Pesquisa recente indica que, em 2024, 50% das empresas estarão em estágios de planejamento ou provas de conceito para projetos de IoT. 34% das SMBs brasileiras pretendem adotar soluções de IoT nos próximos dois anos em suas atividades de negócio. Para a vertical de Governo, esse número sobe para 50%. Espera-se um crescimento expressivo em 2024, com o mercado brasileiro alcançando a marca de US$ 1,7B em hardware, software, serviços e conectividade.
  • Cibersegurança: O mercado de soluções de segurança manterá sua trajetória de crescimento robusto, atingindo cerca de US$ 1,7B no Brasil em 2024, o que representa crescimento de mais de 16% sobre o ano anterior. Veremos tecnologias de segurança emergentes, mais “modernas” e “inteligentes”, ganhando espaço no mercado global e aterrissando no Brasil, tais como Interconnected SaaS Security, Identity Fabrics, entre outras.
  • Nuvem: As soluções de dados na nuvem, parte do chamado PaaS, somarão US$ 1,5B no Brasil em 2024, seguindo sua trajetória de crescimento acelerado. Esse avanço também movimenta o mercado de serviços de TI, que consumirá cerca de US$ 1,4B neste ano com consultoria, integração e suporte de projetos relacionados a dados.
  • Inteligência Artificial: Ainda em estágios iniciais no Brasil, é esperado que os gastos com Inteligência Artificial Generativa mais que dobrem em 2024 no país, contribuindo para que a América Latina se aproxime a um total de US$ 120M relacionados à tecnologia. A necessidade de acelerar projetos gerará oportunidades para os provedores de serviços de TI e consultorias. É esperado que os gastos com serviços relacionados a IA e IA Generativa ultrapassem US$ 459M em 2024.
  • Soluções de gestão: Este mercado, que considera pacotes como ERP, CRM, planejamento e produção e cadeia de suprimentos, vai alcançar US$ 5,6B em 2024 no Brasil, o que representa crescimento de 11,6% sobre o ano anterior. Deste total, a IDC estima que US$ 588M estarão associados às capacidades de inteligência embebidas nessas soluções. As plataformas analíticas e de AI somarão cerca de US$ 1,6B neste ano e terão sua importância ressaltada num cenário cada vez mais data-driven.
  • Serviços Digitais: Globalmente, enquanto as soluções On-Premises para gerenciamento de redes passarão a perder participação a partir de 2024, o formato Cloud-Based acelera 24,3% ano contra ano até 2027. Somente os produtos de software para Application Performance e Network Performance, devem alcançar US$ 210M em 2024.
  • Edge: Acima de uma discussão sobre CAPEX/OPEX, a prioridade de transformar TI em custo dinâmico agora está chegando também ao ambiente Edge, favorecendo os businesses cases. Os ambientes de Edge compostos por hardware, software e serviços devem absorver mais de US$ 4B até 2025 no Brasil.
  • Devices: A IDC estima que o mercado brasileiro de Devices gere a soma de US$ 17,2B em 2024, ou seja, queda de 0,3% sobre o valor ajustado de 2023. Estimativas para alguns dos segmentos de Devices em 2024:
    * Smartphones: US$ 9,8B
    * Computadores: US$ 4,9B
    * Wearables: US$ 698M
    * Impressoras: US$ 569M
    * Tablets: US$ 577M
  • Devices com IA: Espera-se para 2024 o lançamento de diversas linhas de Devices como algum tipo de AI. Fabricantes apontam que tais lançamentos serão inicialmente embarcados em produtos Premium e que, até o fim deste ano, teremos produtos de entrada com alguns destes atributos. Notebooks Premium (acima de US$ 1.500) representarão 6,9% desse mercado brasileiro. Smartphones Premium (acima de US$ 800) representarão 5,9% de seu mercado no Brasil.

 

Reprodução de TI in Side

 

 

Compartilhe: