Ainda tem gente que acredita que ESG é só custo e que não traz retorno financeiro real. Mas isso não se sustenta diante das evidências. Pesquisas sólidas mostram que empresas com boas práticas ambientais, sociais e de governança são mais resilientes, lucrativas e atraentes para talentos, clientes e investidores. A seguir, apresento seis benefícios reais do ESG, com dados confiáveis e explicações sobre como cada um impacta os negócios.
- Cumprimento de legislações e regulações: proteção contra riscos e passivos jurídicos
Empresas com práticas ESG ativas tendem a estar mais alinhadas com a legislação — ambiental, trabalhista, tributária, de governança, como a LGPD, e normas específicas como a NR-32 (saúde e segurança) e leis de logística reversa. Essa postura reduz o risco de autuações, multas, ações judiciais e danos à reputação.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 73% das empresas que adotam políticas de conformidade relatam redução de riscos legais. Isso confirma que ESG funciona como uma blindagem jurídica.
Além disso, o KPMG Survey of Sustainability Reporting 2022 mostra que 96% das maiores empresas brasileiras já publicam relatórios de sustentabilidade. Isso não só atende às exigências de transparência como também prepara a empresa para exigências futuras, nacionais e internacionais.
- Redução de custos e melhoria da eficiência operacional
ESG é também sinônimo de eficiência. A gestão responsável de energia, água, resíduos e insumos reduz desperdícios, melhora processos e otimiza recursos.
A Harvard Business Review mostra que empresas com ESG consolidado são mais eficientes na gestão de resíduos, energia e insumos. Já a McKinsey & Company indica que boas práticas ESG podem reduzir custos operacionais em até 60%, dependendo do setor.
Esse resultado acontece porque o ESG estimula uma cultura de controle e inovação, com monitoramento contínuo e foco em performance sustentável.
- Melhoria do clima organizacional e retenção de talentos
Empresas que praticam ESG cuidam das pessoas — valorizam a diversidade, promovem o bem-estar e constroem ambientes éticos e acolhedores. Isso retém talentos, aumenta o engajamento e melhora os resultados.
Segundo a Deloitte Global Millennial Survey 2022, 77% dos jovens profissionais preferem trabalhar em empresas alinhadas a causas sociais e ambientais. Ou seja, ESG atrai talentos que querem propósito.
A Gallup complementa: equipes engajadas são 21% mais produtivas e têm 59% menos rotatividade. O ESG não é apenas uma pauta de RH — ele impacta diretamente a performance do negócio.
- Reputação e fidelização de clientes
O consumidor está cada vez mais atento ao impacto das marcas que consome. Empresas com práticas sustentáveis se destacam pela transparência, coerência e responsabilidade.
A pesquisa da Nielsen aponta que 73% dos consumidores globais estão dispostos a mudar seus hábitos de consumo para reduzir o impacto ambiental. A IBM Institute for Business Value também revela que 57% dos consumidores estão dispostos a mudar seus hábitos de compra para ajudar a reduzir impactos negativos no meio ambiente, mesmo que isso signifique pagar mais.
Já o estudo 2023 Edelman Trust Barometer mostra que 68% dos consumidores esperam que empresas tomem ações concretas para enfrentar mudanças climáticas e desigualdades sociais. E o relatório da Capgemini Research Institute aponta que 79% dos consumidores mudaram suas preferências com base na responsabilidade social e ambiental das marcas.
Esses dados mostram que práticas ESG fortalecem vínculos, aumentam a confiança e estimulam a lealdade dos clientes. Marcas que assumem compromissos públicos e agem com coerência constroem uma reputação sólida, algo cada vez mais valorizado em um mercado competitivo e conectado.
- Acesso a crédito e melhores condições de financiamento
Empresas com boas práticas ESG têm mais facilidade de acesso a crédito, taxas menores e condições mais vantajosas junto a investidores e bancos. Isso acontece porque essas empresas são vistas como mais seguras, responsáveis e resilientes a longo prazo.
Instituições como BNDES, Banco do Brasil e fundos como o Itaú Asset oferecem linhas de crédito com condições especiais para negócios sustentáveis. Além disso, o mercado de green bonds ultrapassou US$ 1 trilhão em 2023, segundo a Climate Bonds Initiative.
Empresas bem avaliadas em ESG conseguem juros mais baixos, acesso a fundos específicos e destaque em análises de risco — um diferencial competitivo poderoso.
- Maior lucratividade e menor volatilidade ao longo do tempo
ESG não é apenas sobre evitar riscos — é sobre criar valor. Empresas com alta performance ESG demonstram maior estabilidade, inovação e capacidade de adaptação ao longo do tempo.
Segundo a MSCI, entre 2015 e 2021, empresas com alta classificação ESG tiveram retornos 15% superiores à média do mercado, com menor volatilidade mesmo em tempos de crise.
Isso acontece porque essas empresas estão mais preparadas para lidar com mudanças regulatórias, climáticas, sociais e tecnológicas. ESG é, portanto, um indicador de maturidade e visão de longo prazo.
Vivemos uma era de transformações profundas: mudanças climáticas, pressões sociais, crises econômicas e mudanças no perfil de consumo exigem das empresas uma nova postura — mais consciente, mais estratégica e mais alinhada ao futuro. O ESG surge como uma resposta a esse cenário. Ao incorporar esses princípios, a empresa não apenas protege seus ativos e melhora sua performance, como também participa da construção de um modelo econômico mais justo, resiliente e sustentável para as próximas gerações. E, ao contrário do que muitos pensam, esse compromisso com o planeta e com a sociedade não vem em oposição ao lucro — ele é, cada vez mais, o caminho para alcançá-lo com consistência e perenidade.
(*) Fabiano Porto – Jornalista, palestrante e consultor em ESG, ODS, Sustentabilidade e Comunicação estratégica.
Reprodução de: Band.com
