Metamorfose Digital: ESG: o novo paradigma dos negócios – Frameworks ESG

(*) Camilla Christino

Já vimos que os relatórios e classificações ESG estão gerando uma crescente onda de investimentos. As empresas que estão divulgando suas pontuações ESG estão atraindo mais a atenção de todo o espectro de negócios e, certamente, os investidores estão buscando por aquelas que estão com pontuações altas. Mas como coletar e divulgar esse tipo de informação ao mercado? Existe algum padrão? Há alguma norma específica que dita os parâmetros necessários? É sobre esse assunto que vamos tratar hoje.

Os Relatórios de ESG também conhecidos como relatórios de sustentabilidade se tornaram indispensáveis para as empresas de capital aberto que querem ser reconhecidas como investimentos ESG. Entretanto, as metodologias de medição e os relatórios ainda estão longe de ser padronizados.

Por isso os relatórios das organizações estão trazendo cada vez mais uma diversidade das estruturas oficiais, também chamados de frameworks, para atender às necessidades do investidor, facilitando assim uma comparação entre o desempenho das opções disponíveis no mercado de investimento.

O que são os Frameworks ESG?

Os frameworks, no universo ESG, são sistemas para padronizar o relatório e divulgar métricas ESG. A utilização de tais estruturas são voluntárias, entretanto podem ser exigidas em algumas ocasiões como por um determinado investidor, cliente ou bancos de investimento.

Essas estruturas de relatório são elaboradas por organizações sem fins lucrativos, ONGs, grupos empresariais e outras associações. Como resultado, elas variam amplamente nas áreas de foco e nas métricas que recomendam.

Usar uma estrutura ESG específica ajuda as empresas a orientarem seus processos de relatório, mostrando onde olhar, o que medir e como comunicá-lo. Nos mercados de capitais os dados confiáveis são o mercado mais valioso. Portanto, à medida que a comunidade de investidores aprimora seu foco nas métricas ESG, os níveis de avaliação minuciosa aplicadas a esses dados se intensificam. Com isso, a utilização de uma estrutura de relatório é primordial e auxilia tanto as empresas como os investidores no momento de divulgação de dados e comparação de informações.

 Como definir as metas ESG?

A pergunta que muitas pessoas fazem é: “Mas o frameworks definem quais metas ESG minha empresa deve ter?”

A resposta é: “Depende”.

As estruturas ESG normalmente definem as métricas e os elementos qualitativos que uma empresa deve divulgar, além do formato e a frequência desses relatórios. Na maioria das vezes, eles não estabelecem metas para essas métricas isso fica ao critério da empresa. Por exemplo, os frameworks não definem qual é a meta do consumo de água que uma organização deve reduzir. Caberá a ela, fazer uma avaliação, e definir esse valor conforme seus objetivos e políticas estabelecidas.

No entanto, existe algumas estruturas ESG que incorporam metas. Um exemplo são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Há ainda algumas organizações empresariais que exigem relatórios sobre o progresso em direção a certas metas.

Quais Frameworks ESG existem?

Como já disse anteriormente, o grande número de estruturas ESG é um problema. Um investidor mais engajado e com acesso à informação, possivelmente terá um bom entendimento de várias estruturas. Mas isso não pode ser considerado universal, o que pode gerar dúvidas na intepretação de relatórios.

Várias organizações têm investido para desenvolver uma estrutura que capture os melhores elementos de estruturas ESG já existentes, o que nos dá esperança de um cenário mais padronizado no futuro.

Segundo a pesquisa KPMG de relatórios de sustentabilidade 2020, os padrões GRI são utilizados por cerca de três quartos (73%) do G250 – 250 maiores empresas do mundo – e por dois terços (67%) do N100 – 100 maiores empresas de 52 países diferentes totalizando 5200 organizações. Isso significa que, hoje, o GRI é o framework de ESG mais utilizado no mundo. A seguir trago um breve resumo das 5 estruturas mais utilizadas no mundo hoje:

  • GRI (Global Reporting Initiative) – Foi o primeiro framework criado e é o mais utilizado no mundo. Inicialmente, seus objetivos eram fornecer às empresas indicadores de práticas ambientais responsáveis. Posteriormente, as métricas foram expandidas para incluir direitos humanos, governança e bem-estar social.
  • SASB (Sustainability Accounting Standards Board) – Este Framework foi elaborado individualmente para 77 setores de atuação diferentes o que é um grande diferencial em relação aos demais. Ele usa seu próprio sistema de classificação de indústria sustentável para agrupar empresas e setores semelhantes, com base em seus riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade.
  • IIRC (International Integrated Reporting Council) – Esse conselho é responsável por divulgar o International Framework (IR) que adota uma abordagem baseada em princípios fornecendo orientações que as empresas devem seguir ao preparar relatórios para os usuários finais abrangendo o conteúdo ESG para ativos tangíveis e intangíveis.
  • CDP (Carbon Disclosure Project) – Reúne informações sobre cada organização por meio de um questionário detalhado e, em seguida, produz uma pontuação usando seus próprios critérios. O CDP se concentra em tópicos relacionados ao meio ambiente e não cobre diretamente os aspectos sociais e de governança.
  • TCFD (Task Force on Climate-Related Financial Disclosures) – Em 2020, os relatórios baseados em TCFD tornaram-se obrigatórios para todos os proprietários e gestores de ativos que aderiram aos Princípios para Investimento Responsável (PRI) das Nações Unidas. O PRI é a maior rede de investidores do mundo em investimentos sustentáveis.

Um desses esforços para harmonizar diferentes estruturas e padrões foi desenvolvido pela Value Reporting Foundation, uma organização global sem fins lucrativos que oferece um conjunto abrangente de recursos projetados para ajudar empresas e investidores a desenvolver uma compreensão compartilhada do valor empresarial.

Better Alignment Project foi uma colaboração de dois anos lançada no quarto trimestre de 2019 entre CDP, CDSB, GRI, International Integrated Reporting Council (IIRC) e SASB, para ajudar a sincronizar os diferentes estruturas de relatórios na plataforma Corporate Reporting Dialogue.

A SSE (Susteinable Stock Exchenge Initiative) – Programa de Parceria da ONU fornece uma plataforma global para explorar como as bolsas em questões ESG mantêm um banco de dados com todos os documentos de orientação fornecidos pelas bolsas de valores para empresas listadas, permitindo que elas possam aprender com seus pares.  A maioria das principais bolsas de valores do mundo agora tem orientação sobre como divulgar dados ESG.

Greenwashing: Você já ouviu falar desse termo?

Você que está cada vez mais envolvido no universo ESG certamente já ouviu falar do termo greenwashing, mas você sabe o que ele significa? Greenwashing é um termo usado quando uma organização gasta mais tempo e dinheiro se promovendo como sustentáveis ​​do que realmente minimizando seu impacto ambiental. É um método de publicidade enganoso para ganhar consumidores que optam por apoiar empresas preocupadas em melhorar o planeta ou ainda tentando ganhar investidores mais despreparados.

O desafio de identificar o greenwashing está se tornando mais difícil à medida que as preocupações ESG se tornam comuns para investidores e empresas de portfólio, levando a uma explosão no número de produtos de investimento rotulados como sustentáveis.

Para os investidores, infelizmente não há uma maneira fácil de determinar se o investimento é ESG de verdade. Porém, há algumas ferramentas à disposição que podem auxiliar. O ideal é buscar informações sobre as companhias para verificar se elas têm uma trajetória consistente nessa área, e se seu discurso é, de fato, coerente com suas práticas.

E para as empresas a dica é: cuidado para não adotar estratégias que levem sua organização ser vista como Greenwashing. Isso poderá manchar por muitos anos a imagem da sua empresa.

Conclusão

Os relatórios ESG, também conhecidos como relatórios de sustentabilidade, oferecem às empresas a oportunidade de serem transparentes com as partes interessadas sobre sua abordagem quanto às diretrizes ambientais, sociais e de governança corporativa. Cada vez mais ele estão se tornando parte essencial da operação das empresas.

Com dezenas de Frameworks ESG disponíveis em vários setores ao redor do mundo, fica muito difícil para algumas empresas saberem por onde começar com os relatórios ESG. Mas o importante aqui é traçar uma estratégia bem definida, estudar sobre as possíveis estruturas existentes e até realizar benchmark com diversas empresas que hoje já lideram neste assunto. O indispensável é começar!

 

A TNX BRASIL implanta a solução ESG completa, o SoftExpert ESG que melhora a transparência e a responsabilidade dos dados, economizando tempo e recursos e facilitando a comunicação e o envolvimento interno e externo. O software ajuda as organizações na elaboração de seus relatórios de sustentabilidade permitindo desde a compilação eficiente de dados para divulgação de relatórios de sustentabilidade até a otimização e automação de processos e operações que contribuem diretamente para os resultados ESG.

Você se interessou em aprender mais sobre ESG depois de ler este artigo? Então convido você a conhecer outros conteúdos que nós já elaboramos sobre este assunto aqui no blog!

  • Por que você pode confiar neste artigo?

Camilla Christino – Analista de Produto e Mercado da SoftExpert, formou-se em Engenharia de Alimentos no Instituto Mauá de Tecnologia. Detém sólida experiência na área de qualidade em indústrias de alimentos com foco em acompanhamento e adequações de processos de auditorias interna e externa, documentação do sistema de gestão da qualidade (ISO 9001, FSSC 22000, ISO/IEC 17025), Controle da Qualidade, Assuntos Regulatórios, BPF, APPCC e Food Chemical Codex (FCC). Ela também é certificada como auditora líder na norma ISO 9001:2015.

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