Agenda ESG e os desafios para pequenas e médias empresas

(*) Clara Saar

O investimento em sustentabilidade requer ações cujo impacto seja passível de comprovação.

A implantação da agenda ESG (sigla para environmental, social and governance, que em português significa ambiental, social e governança) tem sido um grande desafio para os stakeholders envolvidos, sejam eles: as organizações, mercado financeiro, poder público, sociedade civil e academia. Como garantir que a inovação necessária para solucionar as questões climáticas, ambientais e sociais esteja acompanhada em termos de estratégia empresarial, financiamento e regulação?

A falta de padronização, de conhecimento e consenso sobre os instrumentos já existentes, abre espaço para situações como Greenwashing e planejamento estratégico ineficiente para o atingimento do propósito. É fato que ações controversas promovem prejuízo institucional para a agenda, já alvo de politização.

Uma pesquisa realizada pelo Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unida) no Brasil revela que 78,4% das empresas no país já adotaram a agenda ESG. Essa ação representa uma categoria de práticas e políticas que empresas podem adotar para promover a sustentabilidade e a responsabilidade social nos negócios. O estudo aponta ainda os principais motivos das organizações adotarem a agenda ESG em suas operações. Entre as principais razões destaca-se a preocupação dos clientes e investidores com os impactos ambientais e a promoção de uma economia sustentável.

É importante ressaltar que o cumprimento das normas e exigências estão sendo cascateados para a cadeia de produção, exigindo que pequenas e médias empresas (PMEs) se adequem às normas e diretrizes sob pena – inclusive – de rescisão contratual. No entanto, como se trata de uma área nova, interdisciplinar e complexa, não é possível descartar a hipótese de que determinadas cobranças possam causar distorções no mercado, impondo barreiras de entrada e prejudicando a concorrência.

Entende-se que a solução está na disseminação do conhecimento de maneira acessível para as pequenas e médias empresas e desenvolvimento de ferramentas e tecnologia que possam facilitar a gestão de informação por parte desses players. Além disso, é preciso analisar estrategicamente, como as grandes corporações podem impulsionar o movimento.

O investimento em sustentabilidade requer ações cujo impacto seja passível de comprovação, pois a consequência positiva para a reputação da empresa e o aumento da competitividade no mercado depende da confiabilidade dos dados. É essencial, também, a aproximação entre mercado e academia, principalmente no que diz respeito à pesquisa e desenvolvimento (P&D). Afinal, é urgente a padronização da taxonomia e legislação sobre o tema para garantir a segurança jurídica necessária para escalar os avanços.

* Clara Saar, advogada do Nepomuceno Soares Advogados, membro do Comitê de Impacto Social da Fundação Dom Cabral e embaixadora do Instituto Capitalismo Consciente Brasil. Fonte: Naves Coelho Comunicação

Reprodução de O Debate

 

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