Matriz de Materialidade: o que é e como construir?

O termo materialidade foi utilizado oficialmente pela primeira vez em 1867 quando a Corte inglesa introduziu o termo “material”, para se referir a um “fato relevante, não negligenciável”, no julgamento do caso de contabilidade falsa relativa às Ferrovias Centrais da Venezuela.

No contexto da sustentabilidade, o termo surgiu em 2006 nas diretrizes G3 do Global Reporting Initiative (GRI).  Logo ele se tornou muito utilizado como ferramenta de engajamento de stakeholders e mapeamento de tópicos.

Como um conceito emprestado da contabilidade e auditoria, a materialidade se tornou uma ponte importante para integrar aspectos não econômicos na tomada de decisão dos negócios tradicionais.

O que é materialidade?

O conceito de materialidade pode variar muito de acordo com o contexto em que ele está inserido. As definições abaixo representam a visão de materialidade de acordo com reguladores e órgãos de definição de padrões.

“Uma informação é considerada material quando é capaz de contribuir para a avaliação adequada de um assunto.”

Corporate Reporting Dialogue (CRD)

A definição do CRD é relevante porque representa uma definição comum de oito dos principais órgãos normatizadores de relatórios corporativos, incluindo GRIIIRCSASBCDSBFASBCDPIFRS ISO. Essa definição foi criada para alcançar uma “maior coerência, consistência e comparabilidade entre as estruturas de relatórios corporativos, padrões e requisitos relacionados”.

“A informação é material se a sua omissão, distorção ou obscurecimento puder influenciar as decisões que os principais usuários tomam com base nessas demonstrações financeiras, que fornecem informações financeiras sobre uma entidade específica”. International Financial Reporting Standards (IFRS) 

Dessa forma podemos entender que materialidade são as informações relevantes capazes de influenciar na tomada de decisão dos stakeholders de uma organização. Ela não deve ser considerada exclusivamente como uma atividade de reporte, mas deve ser vista como a base para um processo de gestão de risco estratégico completo.

No contexto ESG, a avaliação da materialidade é um processo em que uma empresa identifica as questões ambientais, sociais e de governança que são mais importantes em seu contexto operacional, segundo stakeholders internos e externos.

Além de ser um processo de escuta ativa, a análise da materialidade fornece uma visão das tendências futuras, dos riscos e de oportunidades de negócio que influenciam a sua capacidade de criar valor. Ajudando as empresas a identificarem tópicos em que os seus stakeholders esperam que se concentrem.

Matriz de Materialidade

A matriz de materialidade nada mais é do que uma representação gráfica e mapeamento dos assuntos materiais de uma empresa. Ela pode ser construída de diferentes formas, aqui na We.Flow uma das representações gráficas que utilizamos é a seguinte:

 

O eixo X do gráfico representa o grau de impacto de um assunto para a empresa, já o eixo Y representa o grau de importância daquele assunto para os stakeholders externos.

Os dados quantitativos que dão origem à matriz podem ser coletados em formato de entrevista individual, questionários online ou workshops coletivos com os diversos stakeholders reunidos no mesmo momento.

Construindo a matriz de materialidade

  • Levantamento dos grupos de stakeholders da empresa.*
  • Seleção da amostragem a ser contatada, considerando a relevância, influência e conhecimento sobre a empresa.
  • Engajamento com os stakeholders através de entrevistas individuais, questionários ou workshop.
  • Tabulação dos dados quantitativos coletados.
  • Análise dos temas materiais identificados.
  • Priorização dos temas materiais (aqui construímos a Matriz de Materialidade).
  • Validação da matriz com as lideranças da empresa. 
*Exemplos de grupos de stakeholders.

Qual é a relação da materialidade e ESG?

A materialidade é uma das partes fundamentais para a sustentabilidade organizacional e, portanto, está diretamente relacionada ao desenvolvimento de uma do ESG integrado a estratégia da empresa.

Ao considerar as diferentes perspectivas dos stakeholders e identificar claramente questões materiais, as empresas garantem um maior alinhamento com seus públicos de interesse. Além disso, podem focar sua comunicação e relatórios em critérios que ajudem os leitores a compreender o que pode influenciar positiva ou negativamente a capacidade da empresa de cumprir a sua estratégia.

Por que a materialidade é importante?

  • Foco nas questões de sustentabilidade mais relevantes para as empresas e stakeholders.
  • Realizar um processo de escuta ativa com as partes interessadas.
  • Reforçar as relações entre os stakeholders através de um melhor impacto da empresa.
  • Identificar oportunidades de negócio.
  • Possibilitar a tomada de decisões estratégicas.
  • Sistema de risco para as empresas com relação a ações econômicas, ambientais e sociais.

Importância do envolvimento de stakeholders

A matriz de materialidade é uma questão central na gestão de stakeholders, já que a gestão requer que as organizações identifiquem, se envolvam e compreendam as perspectivas dos stakeholders sobre questões-chave, e depois reflitam sobre a forma como estas devem ser abordadas no processo de tomada de decisão. Quando bem feito, reforça uma organização e assegura o seu sucesso a longo prazo. Quando mal feito, pode aumentar o perfil de risco financeiro e não financeiro de uma organização e conduzir a grandes danos à sua reputação.

A manutenção de um diálogo claro e consistente com os stakeholders permite que as organizações compreendam melhor o ambiente em que operam. Os benefícios incluem:

  • Compartilhamento de conhecimentos.
  • Tomada de decisão eficaz.
  • Aumento da confiança mútua.
  • Melhor gestão dos riscos e responsabilização.
  • Pode também levar à redução de custos e à criação de valor.

 

Reprodução de WeFlow 

 

 

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